O blogueiro Allan dos Santos prestou depoimento por cerca de seis horas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a disseminação de notícias falsas em redes sociais e aplicativos de mensagens, a CPMI das fake News.
Allan é o responsável pelo Terça Livre, um canal no youtube que defende posturas conservadoras e que mostra apoio ao presidente Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018.
Em depoimento à CPMI na semana passada, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) acusou Allan de ser um dos coordenadores de uma milícia virtual destinada a atacar adversários do Governo Federal, espalhando informações falsas.
Logo no início do depoimento, Allan negou que publique fake News.
A reunião foi mais uma vez cenário de embate entre governo e oposição.
Enquanto a oposição acossava o blogueiro com perguntas que pudessem expor alguma relação direta dele com o Palácio do Planalto ou com a milícia virtual denunciada por Frota, os governistas faziam perguntas ou apenas discursos que protegiam Allan dos Santos.
Ele garantiu que seu blog e seu canal não recebem dinheiro público e que o blog não possui ligação com o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. mas admitiu que uma das jornalistas do Terça Livre, Fernanda Salles Andrade, é assessora do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Allan assegurou que a receita dos dois veículos vem de doações e cursos que ele promove.
Ele aceitou abrir seu sigilo fiscal e bancário, mas já no final da reunião voltou atrás, aconselhado pela deputada Bia Kics (PSL-DF).
Agora para que haja a quebra, ela deverá ser pedida por algum membro da CPMI.
Segundo assessores da comissão, há a expectativa de que o PT apresente requerimento pedindo a quebra dos sigilos não apenas bancário e fiscal, mas também telefônico e telemático de Allan dos Santos.
Só a quebra de sigilo vai identificar se ele recebeu ou não dinheiro público.
“Quem não tem nada a temer não tem que ter medo da quebra de sigilo”, comentou o presidente da CPMI, Senador Angelo Coronel (PSD-BA), que considerou Allan dos Santos tranquilo durante o depoimento.
Allan foi convocado pela CPMI, o que o obrigava a ir à Comissão e a dizer a verdade caso respondesse as perguntas.
Ele usou do direito de ficar calado em algumas perguntas da oposição.
Ao final da reunião, Angelo Coronel confirmou para 3ª feira que vem, 12, o depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que até mês passado era líder do governo no Congresso.
Já nesta 4ª feira, 6, serão ouvidos em audiência pública representantes de agências de checagem de notícias e da associação que representa empresas de tecnologia da informação.
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